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Ciclo escola, universidade e trabalho acabou – 10/03/2025 – Michael França

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Historicamente, o progresso tecnológico sempre reconfigurou o mercado de trabalho, criando novas demandas e extinguindo funções ultrapassadas. A diferença, agora, está na intensidade e na rapidez dessas mudanças. Ao mesmo tempo em que muitos trabalhadores veem seus diplomas perderem valor rapidamente, empresas lutam para encontrar profissionais com as novas competências exigidas por um mundo cada vez mais do dedo.

Durante séculos, a lógica do investimento em capital humano seguiu um padrão previsível: anos na escola, passagem pela universidade e ingresso no mercado de trabalho. Uma boa formação garantia não somente ocupação, mas também segurança e desenvolvimento profissional ao longo de uma curso que se estendia por décadas. Esse padrão, no entanto, já não é suficiente.

A subida da inteligência artificial, da automação e da digitalização está tornando obsoletos conhecimentos outrora valorizados a uma velocidade sem precedentes. Profissões inteiras estão desaparecendo ou sendo transformadas em poucos anos, não mais em décadas. A taxa de menoscabo do conhecimento se tornou imprevisível.

Isso implica que o investimento individual em qualificação se tornou mais aventuroso, pois o retorno sobre esse investimento é cada vez mais incerto. Profissões e competências valorizadas hoje podem perder relevância rapidamente, reduzindo a previsibilidade dos ganhos futuros. Diante desse cenário, há um risco de que, sem incentivos corretos, os indivíduos, mormente os de baixa renda, optem por investir menos em sua própria capacitação, gerando um estabilidade indesejável de baixa qualificação.

Se a educação formal deixou de ser um passaporte para a segurança, o estágio contínuo tornou-se a única resposta viável. Países que desejam manter suas economias competitivas precisarão substituir o idoso padrão linear de formação por uma estrutura maleável, na qual a requalificação se torne segmento principal da vida adulta.

Essa transição exige uma mudança cultural significativa. A ensino sempre foi vista somente uma vez que um período finito da vida, muitas vezes separado do mundo do trabalho. No entanto, o horizonte pertencerá àqueles que abraçarem a ensino uma vez que um processo perene. Isso implica não somente aprender novas habilidades, mas também requalificar-se sempre.

O repto exige a colaboração de governos, empresas e instituições de ensino. Políticas públicas podem fomentar iniciativas de estágio ao longo da vida, oferecendo incentivos para companhias que investem na capacitação de seus funcionários. Parcerias entre corporações e plataformas de ensino do dedo podem suprir lacunas de habilidades de maneira desembaraçado. Universidades e centros educacionais, por sua vez, devem desenvolver cursos modulares, que permitam uma formação escalonada, adaptável às necessidades profissionais em permanente evolução.

A teoria de que a ensino tem um ponto final deve ser vista uma vez que um delongado. Nas atuais circunstâncias, o horizonte pertence àqueles que compreendem que aprender será um processo perene, ajustado às exigências de um mundo que muda em ritmo apressurado.

O texto é uma homenagem à música “Drop the Game”, de Nick Murphy e Harley Streten, interpretada por Chet Faker e Flume.


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