Logo depois do golpe de 1964, a influência do legado dos Estados Unidos no Brasil era tão grande que Otto Lara Resende mineiramente propôs: “Chega de intermediários. Lincoln Gordon para presidente”.
Hoje, quando a Câmara age em prol do golpismo e direita e extrema direita nutrem uma pasmo fanática pelo presidente de El Salvador, a frase só precisa de uma pequena adaptação, modificação de nome, para mostrar que as soluções no país não mudam, só pioram: “Chega de intermediários. Nayib Bukele para presidente”.
Em 2024, um show em Balneário Camboriú reuniu Jair Bolsonaro e Javier Milei. O queridinho salvadorenho, esperado com impaciência, não veio. Mas mandou o ministro da Justiça, Gustavo Vilatoro, que levou a plateia ao delírio ao proferir que “o padrão Bukele é irreversível”.
Tal padrão consiste em destruir a democracia, finalizar com as liberdades civis —e encobrir tudo, mentindo. Entre otras cositas, está valendo invadir o Congresso com soldados armados; destituir o procurador-geral da República e cinco juízes da Suprema Golpe; encarcerar, posteriormente julgamentos sumários, mais de 75 milénio pessoas, entre as quais tapume de 1.200 menores. Quase 2% da população está detrás das grades (no Brasil equivaleria a 4 milhões de habitantes).
Pablo Marçal deixou São Paulo na reta final da campanha a prefeito para tentar uma selfie com Bukele. O candidatíssimo Guilherme Derrite, secretário de Segurança de São Paulo, disse que devemos aprender com El Salvador a combater a criminalidade. Foi humilde, pois em material de violência policial ele tem muito a ensinar. Agora é Eduardo Paes que, em campanha ao governo do Rio, anuncia uma viagem ao pequeno país da América Mediano.
Recentemente Bukele foi recebido na Morada Branca por Trump (imagine a inveja de Eduardo Bolsonaro, o trânsfuga). Combinaram a construção de novos presídios de segurança máxima para paralisar imigrantes expulsos dos EUA. Que oportunidade para o Brasil: virar uma imensa colônia penal. Cá cabem, com folga, todos os inimigos de Trump e, de lambujem, os de Putin.