A disparada do dólar em reação à retaliação da China ao tarifaço de Donald Trump tem porquê tecido de fundo as incertezas que rondam a economia global.
Não muda, por enquanto, a percepção de que Trump pode completar ajudando a tirar o governo da período atual de depressão, provocada pela persistente queda de popularidade do presidente Lula, que não vê o efeito esperado das suas medidas populares adotadas neste ano.
O cenário econômico pós-tarifaço de Trump traz esperança para o governo de que o Banco Central teria condições de iniciar a reduzir os juros, no final do segundo semestre deste ano.
A crença foi manifestada pela ministra Simone Tebet (Planejamento) no evento de natalício dos 60 anos do BC. Na plateia, estavam o presidente do BC, Gabriel Galípolo, toda a sua diretoria, ministros e os presidentes Davi Alcolumbre (Senado) e Hugo Motta (Câmara). Foi aplaudida por muitos, inclusive funcionários da lar.
O mercado financeiro também antecipa essa possibilidade porque vislumbra agora um cenário de commodities mais baratas, petróleo em queda e um dólar não muito dissemelhante do que está.
A se confirmar esse cenário, Trump se tornará a maior boia para Lula e o Banco Meão, que se vê às voltas com expectativas futuras de inflação subida, apesar da dosagem elevada de juros dos últimos meses.
Uma retração da demanda com uma atividade global menos aquecida permitiria desacelerar o ciclo de subida, e o mercado já está meio que comprando essa teoria.
Há incertezas. Uma delas é o que pode sobrevir com a arrecadação diante de um preço menor de commodities. Se ocorrer uma queda de receitas, Lula precisaria fazer um frigoríficação maior de despesas do Orçamento para satisfazer a meta fiscal.
A avaliação de que os juros podem iniciar a tombar ganha força, mas o mercado ainda está dividido. Tem gente apostando que o cenário não seja assim tão desinflacionário e prefere esperar mais.
O dólar se fortalecendo traria mais risco para a inflação. Aí, não tem boia, e continuaremos o vendo o cabo de guerra do governo com o Banco Meão.
