Adolescentes soviéticos enfrentaram o regime de Stalin escrevendo em sigilo seus diários

Uma novidade pesquisa acadêmica revela uma vez que jovens soviéticos dos anos 1930 resistiram ao autoritarismo stalinista por meio de um instrumento tristonho, mas poderoso: o quotidiano pessoal. O estudo, levado pela historiadora russa Ekaterina Zadirko, da Universidade de Cambridge, analisou 25 diários escritos por adolescentes entre 1930 e 1941 e mostra uma vez que esses jovens lidaram com repressão, penúria, violência e as contradições ideológicas de uma sociedade vigiada.

Publicado na Slavic Review, o levantamento desafia a visão tradicional de que os jovens da União Soviética foram completamente moldados pela doutrinação do regime. Zadirko argumenta que a escrita pessoal era um meio de frase emocional, de formação de identidade e, sobretudo, de resistência simbólica em uma era de vigilância e exprobação.

Entre os relatos mais marcantes está o de Ivan Khripunov, fruto de um camponês rotulado uma vez que kulak — termo usado pelo regime para qualificar e perseguir camponeses considerados “burgueses”. Em seu quotidiano, iniciado aos 14 anos, Ivan relata a penúria, a prisão do pai e a estigmatização pública da família. Em uma passagem, ele escreve: “Sem pão e nosso pai, nós estávamos famintos”, referindo-se à impossibilidade de colher grãos caídos do soalho, prática proibida pela chamada “Lei das Três Espiguetas”.

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As anotações também revelam as pressões contraditórias impostas à juventude. Enquanto buscavam paixão, pertencimento e sonhos pessoais, os adolescentes eram incentivados a se tornarem o “novo varão soviético”, um padrão idealizado de produtividade e lealdade ideológica. Emoções íntimas, uma vez que instabilidade e libido, eram expressas por meio do vocabulário coletivo do obrigação e da disciplina revolucionária.

David Samoilov, que viria a se tornar um dos grandes poetas russos do século 20, escreveu aos 16 anos: “Sou completamente sem talento… Mas serei de alguma utilidade para a sociedade em que vivo?” Outros jovens, uma vez que o próprio Ivan Khripunov, não viveram para encontrar essa resposta — ele desapareceu no front menos de um ano depois redigir: “A guerra transforma todos em adultos.”

Apesar de privados, os diários representavam um ato de coragem. “Grafar era aventuroso”, explica Zadirko. “Eles improvisavam com o que tinham: sentimentos pessoais filtrados por uma linguagem impregnada de ideologia. Mas, no fundo, estavam tentando preservar sua individualidade.”

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Esses registros foram preservados em segmento pelo pilha do dedo Prozhito e hoje representam não exclusivamente fontes históricas valiosas, mas vozes emocionantes de jovens que ousaram ser sinceros num dos períodos mais opressivos da história contemporânea.