Vou poupá-los das imagens, mas elas estão nas redes sociais, sem alerta de teor sensível.
Num desses vídeos –para grafar leste texto, tive a infelicidade de desenredar que são muitos–, uma jovem de ar asiática abre um pouco que parece ser alguma secção do sistema estomacal de uma vaca.
Ela logo remove, das intestino, o capim parcialmente digerido. Não o descarta; alternativamente, usa-o para preparar uma sopa virente e certamente mui aromática, prontamente consumida pela cozinheira.
Trata-se de uma tática que não é exatamente novidade: atrair a audiência pelo choque. Dá pra notar, todavia, que o povo está radicalizando mais e mais.
Não basta mais motivar indignação, precisa gerar repulsa.
Os vídeos de comida que me oferece o Instagram têm cabeça de camelo, camarão vivo no sushi, vagina de vaca e de porca e todas aquelas comidas de rua indianas com higiene zero.
Isso pode dar engajamento, mas será que vende alguma coisa? Segmento da indústria parece apostar que sim.
Não é comida, mas está relacionado a ela: um obreiro de canetas hidrográficas lançou uma risca de marcadores de texto que supostamente têm cheiro de camarão, jaca e fígado acebolado.
Quem ganha o que com isso? Parece sacanagem, aquele chiclete com pimenta que a gente comprava na loja de mágica. Talvez seja.
A indústria alimentícia investe em produtos francamente nojentos para fazer fragor nas redes sociais O exemplo mais gritante é o miojo, que a todo momento lança sabores asquerosos uma vez que pão na placa e beijinho.
Na Páscoa, saltamos dos quase normalizados ovos de sushi e de coxinha –exclusivamente sushi e coxinha em formatos diferentes– para um pouco mais ousado.
Neste ano, lançou-se um ovo de chocolate recheado com torresmos. Não chega a ser uma sopa de estrume, mas força os limites do suportável em termos de comida estranha.