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As tretas de romance começaram muito antes de Bella e Cauã – 19/04/2025 – Thiago Stivaletti

São Paulo
Até Trump perdeu. O grande objecto da semana no Brasil foi a treta entre Cauã Reymond e Bella Campos nas gravações de “Vale Tudo” –uma novela que, se ainda não se consolidou de vez na audiência, virou sucesso de repercussão nas redes, e não só pelo que a Globo mostra.
Mas a treta está longe de ser a primeira em novelas da emissora. O convívio de egos inflados por nove meses ou mais nas gravações de uma trama já rendeu muitos outros conflitos. Vamos relembrar alguns.
Par dinamite – Vera Fischer e Felipe Camargo viviam uma temporada mais do que turbulenta de seu matrimónio quando entraram no elenco de “Pátria Minha” (1994). Ela era a protagonista, a interesseira Lídia Laport, e ele tinha um papel menor, o mecânico Inácio. Ambos começaram a faltar e atrasar nas gravações, causando um verdadeiro caos nos bastidores e irritando todos os atores que contracenavam com eles.
A única solução foi matar Lídia e Inácio no incêndio de um hotel. O responsável Gilberto Braga (1945-2021) teve que mudar toda a sinopse inicial da romance para acomodar a morte de sua protagonista, e falou mal de Vera em umas tantas entrevistas nos anos seguintes.
Jogando a toalha – Ana Paula Arósio e Fábio Assunção tinham sido escalados para viver a mocinha Marina e o vilão Léo de “Insensato Coração” (2011). Ana Paula desistiu da romance antes mesmo de gravar, e Fábio chegou a gravar as primeiras cenas em Florianópolis antes de transpor fora. Misteriosamente, o diretor Dennis Roble só guardou mágoa de Ana Paula. Eles foram substituídos por Paolla Oliveira e Gabriel Braga Nunes. O conflito acabou marcando o início do encolhimento de Ana Paula da TV, que dura até hoje.
Vilã explodida – Em “Sete Pecados” (2007), romance da tira das sete, o responsável Walcyr Carrasco começou a permanecer bastante incomodado com o vestimenta de Claudia Raia mudar diálogos inteiros de sua personagem, a vilã Ágatha. Decidiu tirá-la da romance muito antes do final, numa cena para lá de absurda: a vilã abria uma caixa-surpresa que explodia muito na sua face.
A ruiva fantasma – Walcyr Carrasco teve outro desentendimento com uma estrela seis anos depois, em “Paixão à Vida” (2013), romance das 21h. Marina Ruy Barbosa vivia Nicole, uma moça que, num oferecido momento da história, descobria ter cancro e deveria raspar a cabeça, uma vez que rolou com Carolina Dieckmann em “Laços de Família” (2000). A poucos capítulos do golpe, Marina avisou que não aceitaria mais raspar o cabelo. Uma vez que punição, Walcyr matou Nicole e a transformou num fantasma, que aparecia muda para outros personagens até o final da trama.
Ósculo na boca, não! – “Vale Tudo” nem é o primeiro remake a produzir uma treta. Em “Perversão Capital”, versão que Glória Perez escreveu em 1998 para o clássico de Janete Clair (1925-1983), Du Moscovis, Carolina Ferraz e Francisco Cuoco refizeram o triângulo amoroso que na romance de 1975 foi do próprio Cuoco, Betty Faria e Lima Duarte.
No meio da romance, Ferraz se desentendeu com Cuoco e se recusou a gravar cenas de ósculo com ele. Se no final original Lucinha terminava com Salviano, no remake ela terminou sozinha, chorando a morte de Carlão (Moscovis), enquanto Salviano (Cuoco) terminou se casando com Laura (Vera Fischer), mana de sua falecida esposa.