Conecte-se conosco

Esporte

O tacacá de Cousteau – 18/03/2025 – Bia Braune

Published

on



O objecto de hoje vem das regiões abissais do meu cérebro, que —ao contrário das fossas do Pacífico Ocidental— é raso feito um brejo de referências de outrora. E por “outrora” refiro-me a uma era que parece anterior ao neolítico. Quando já haviam revelado o lume, mas não as trends da internet. A dez de 1980.

Na requisito de xóvem neoaustralopiteca, considero-me razoavelmente situada no feed do século 21. O problema foi ter posto uma moço de 10 anos para presenciar a um tanto que nossos ascendentes chamavam de “documentário”.

“Tornando-se Cousteau” (2021) já estava na mira do streaming familiar, posto que o pirralho-cobaia de tal experimento sonha ser biólogo pelágico. Ou seja: enquanto mãe de um ávido consumidor de focas fazendo gracinhas de TikTok e lontras tão inteligentes que já postam selfies no Instagram, achei que 90 minutos de audiovisual científico seriam uma ótima teoria.

Dar play foi porquê embarcar novamente na proeza de um televisor de tubo equipado com bombril na antena. A sensação de escoltar antigas expedições do explorador gaulês com o mesmo excitação de quem maratonava “A Amazônia de Jacques Cousteau” em desbotados episódios do Orbe Repórter.

“Fruto, olha que supremo! Quando eu tinha a sua idade, não havia essas coisas no YouTube… Nem YouTube”, contextualizei. Embevecida ao rever Monsieur Cousteau inventando o aqualung, lotando auditórios, distribuindo autógrafos e sendo ovacionado na Rio-92. Tal porquê um ídolo, um ícone pop, um… influencer?

Porquê explicar que, antes das celebridades que exibem jatinhos e unboxings, havia uma segmento do planeta interessada na vida dos botos-cor-de-rosa? Que Calypso era um embarcação de pesquisa e não uma boate frequentada pelo Neymar em Barcelona, quiçá um meme ou tacacá da temporada solo da Joelma? Não havia ainda hashtag de “arrume-se comigo”: a gente só queria usar uma boininha vermelha igual à daquela tripulação.

De lá para cá, vivemos essa espécie de variação dos “amores líquidos”. Não à toa Wes Anderson, também fã desse legítimo “varão do fundo do mar”, escreveu e dirigiu “A Vida Aquática com Steve Zissou”. Eu mesma, quando tive a chance de caminhar num carro-anfíbio, me senti a mais feliz e fajuta integrante da Equipe Cousteau.

Só sei que, faltando 15 minutos para o filme terminar, apesar de interessado, meu rebento já balançava o pezinho no ritmo da impaciência do dedo. A moçoila que fui lastima o caimento entre gerações, mas vê vantagem: hoje temos Tamara Klink à vista.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul aquém.



Acesse a fonte

Continue lendo
Clique para comentar

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Chat Icon