Alguns comentários recorrentes (não vou dar nome aos boys, para não virar hábito nem dar tribuna para quem não conheço) sobre esta humilde poste fazem questão de primar o meu envelhecimento.
Agradeço o toque, mas permanecer velho é um pouco que faço há um bom tempo, já me habituei e pretendo continuar firme e possante nessa marcha (tomara!) por muito mais tempo ainda.
Aos que não chegaram lá, mas vão chegar (tomara!), um aviso: ninguém ensina ninguém a envelhecer. Muito menos a inaugurar a envelhecer, que é uma coisa parecida com usar peruca: todo mundo nota, só você é que acha que está “disfarçando”.
Não existem preparativos, treinamentos ou tutoriais que apontem os sinais, os sintomas que antecipam o “novo” cotidiano, as “novidades” (com aspas e sem ironia) que a vetustez traz.
O notório é que divagando se vai ao lounge e assim resolvi iniciar um projeto, que seria um tipo de guia introdutório, mas nunca um “Manual de Sobrevivência” (seria propaganda enganosa), um pouco que poderia ajudar os “new old” —aqueles que estão chegando ou chegaram há pouco, mas ainda não perceberam, naquele que será (tomara!) o maior período das suas vidas.
Para inaugurar, começarei com três tópicos: um inevitável, outro a evitar e o terceiro, do qual é difícil evadir, mas você pode não piorar.
Tópico 1: Um dos primeiros sinais de envelhecimento é a progressiva inadequação à “cena músico”. De repente, mesmo você sendo do tipo que arregaça os limites do ecletismo, não aguenta mais e grita: “Essa porr@ não é música!”. Você pode prolongar isso ao supremo, bancando o moderninho, chacoalhando com exaltação o coitado do esqueleto ou investindo em procedimentos e harmonizações extremas, mas saiba que esse momento é 100% inevitável.
Tópico 2: Outra das principais características do “ato de envelhecer” é a predominância massiva e maçante dos temas: médicos, exames, diagnósticos, fisioterapias e de palavras terminadas em ite, ose, oma, algia ou similares. Um vício incontrolável de falar da saúde, da pouquidade dela ou de mourejar com a falta de ponto com o ponto de sempre.
Tópico 3: Pelos. São inadministráveis. Surgem onde nem imaginávamos (orelhas e narinas, por exemplo), ficam brancos quando e onde não desejávamos, raros ou inexistentes onde não queríamos, e as diversas tentativas de regenerá-los –tinturas, implantes e perucas— beiram o ridículo, o desespero, ou ambos.
Nascente é um projeto colaborativo e interativo, um “uorquinprogres”, uma vez que se diz em nosso atual linguagem.
Sugestões de outros tópicos, ou sinais que antecipam ou caracterizam o envelhecimento, são bem-vindas. Inclusive as que me aconselhem a desistir desse tema, porque isso é papo de velho.