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‘São Longuinho, são Longuinho’… – 11/03/2025 – Bia Braune

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Chave de coche, fone de ouvido, tampa de caneta, tampa de pasta de dente, tampa de pote, tampa de qualquer coisa, o que quiçá meti nos desvãos de uma bolsa ou deixei tombar nas profundezas de um sofá, amigos, colágeno, minutos preciosos da existência. Tudo isso eu já perdi.

Menos a esperança de que em 15 de março alguém lá em cima há de olhar por mim —e se provável com vista boa, para ajudar a restaurar o que venho largando pelos caminhos da vida. Sim, pode conferir, botei até rebate na agenda do meu celular: Dia de São Longuinho.

Padroeiro dos esquecidos e dos avoados, não à toa costuma ser representado com uma lanterna na mão e uma sacola no ombro, simbolizando a paciência litúrgica e venerável daquele que precisa passar a perpetuidade catando as tralhas dos outros.

Do sisudo e latino Longinus, virou “Longuinho”, na base do carisma cotidiano de nume que desenrola paranauês, que vai ali ver uma coisinha e volta não só com um milagre, mas também com o oitavo guarda-chuva que você tinha deixado tombar no táxi.

Uma vez que toda ex-pirralha criada no seio de uma tradicional família de misturebas politeístas, não questionei a simpatia do ex-centurião romano supostamente baixinho e ruim das pernas, que muitos acreditam ter reencarnado uma vez que Pedro 2°. O que acho disso? Não sei, nunca parei para teorizar a saudação, estava ocupada atravessando a moradia num pé só. “São Longuinho, são Longuinho, me ajuda aí que eu dou três pulinhos!”

Com a idade, o tipo de objeto que passei a perder mudou. Não mais os apontadores de lápis e as borrachas da escola, nem os números de telefone escritos a caneta Bic e enfiados em bolsos de calças semi-baggy colocadas para lavar. Hoje o santo tem que se virar é com meus óculos e os comprimidos para dor de cabeça.

Porém, uma vez que o dia 15/3 se avizinha –importante principalmente em Guararema (SP), que além de tudo encontrou supimpa motivo para uma festa católica que agita a cidade—, penso que precisamos comemorar mais aquele que tanto nos auxilia na desculpa das bagunças impossíveis.

Longe de mim promover um Ultimate Fight entre altíssimos servos de Deus, mas, ao contrário de santo Expedito, tão popular e espalhado por aí, não ganhei são Longuinho de papel para zelar na carteira. O que, aliás, seria muito útil se em universal eu soubesse onde a enfiei.

Fica, portanto, esse questionamento prático. Enquanto isso, seguimos em frente, sacumé. Dando os nossos pulinhos.


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