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Ainda Estou Cá: artistas são intuito de desinformação – 10/03/2025 – Guiado com Frequência

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O monitoramento realizado pela Palver em mais de 100 milénio grupos públicos de WhatsApp e Telegram mostra que a vitória do filme “Ainda Estou Aqui” no Oscar de melhor filme internacional intensificou o embate político nas redes sociais.

A obra, dirigida por Walter Salles e estrelada por Fernanda Torres, já vinha sendo intuito de críticas desde antes de sua estreia, mas a glorificação na cerimônia do dia 2 de março gerou uma vaga ainda maior de ataques e desinformação entre grupos bolsonaristas.

A produção foi recebida com excitação por setores progressistas e pela sátira internacional, sendo considerada um marco para o cinema vernáculo.

No entanto, desde o ano pretérito, grupos da direita já promoviam campanhas de boicote ao filme, alegando que ele apresentaria uma versão distorcida da história, retratando o período militar de forma enviesada e atacando valores conservadores. As críticas se intensificaram em seguida a vitória no Oscar, tornando-se um dos principais tópicos de discussão nos grupos monitorados.

Entre os ataques, destaca-se a associação de Walter Salles ao irmão João Moreira Salles, assinalado uma vez que financiador do traficante Marcinho VP –uma tentativa de produzir um vínculo entre o diretor e o violação organizado, mesmo sem qualquer relação entre os fatos. Fernanda Torres, por sua vez, foi intuito de críticas infundadas por supostamente ter se beneficiado da Lei Rouanet, reforçando a tese de que artistas premiados utilizam verba público para promover ideologias políticas.

A tese de que o filme recebeu incentivos da Lei Rouanet foi amplamente compartilhada, ainda que não exista captação alguma de recursos por segmento dela.

O debate sobre “Ainda Estou Cá” também serviu para reavivar discursos contra a classe artística, associada à esquerda e acusada de ser sustentada por incentivos estatais. Muitas mensagens propagadas nos grupos bolsonaristas descrevem o filme uma vez que um “lixo esquerdista” e desqualificam a homenagem concedida pelo Senado a Fernanda Torres e Fernanda Montenegro com o Diploma Bertha Lutz, por suposta militância política.

Há também alegações falsas de que o governo Lula destinou R$ 15 bilhões para a Lei Rouanet em 2025, quando o valor real previsto é de R$ 2,9 bilhões, oriundos de repúdio fiscal, e não de repasses diretos do governo.

Outro ponto levantado em grupos de direita é a representação de Rubens Paiva, o ex-deputado que foi assassinado pela ditadura. Segundo mensagens viralizadas nas redes, ele teria sido ligado ao Partido Comunista Brasílio (PCB) e atuado no financiamento e lavagem de verba para o partido. No entanto, a informação é falsa, já que Paiva era filiado ao PTB e sua perseguição política se deu sem qualquer comprovação de envolvimento com atividades ilegais.

A recepção de “Ainda Estou Cá” nos grupos de WhatsApp monitorados pela Palver mostra que, para além do cinema, o filme se tornou um novo capítulo na polarização política do país.

Para setores da esquerda, sua premiação representa um reconhecimento da memória histórica e da luta contra regimes autoritários.

Já para a direita, ele simboliza mais um incidente do que chamam de “dominação cultural marxista” e um ataque aos valores conservadores. O embate narrativo evidencia uma vez que a cultura tem sido um dos principais campos de disputa política no Brasil contemporâneo, onde o cinema se torna palco de conflitos ideológicos intensificados pela circulação de desinformação e teorias conspiratórias nas redes sociais.


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