A Folha decidiu, em seu 104º aniversário, anunciar a renovação da campanha em obséquio da energia limpa, definida pelo jornal porquê “a que não emite carbono”. O que a campanha quer manifestar, porém, ainda está pouco evidente para o leitor, pretérito o primeiro ano da iniciativa que fez o jornal mudar seu slogan de “Um jornal a serviço do Brasil” para “Um jornal em resguardo da vontade limpa”.
A cobertura sobre fontes renováveis se intensificou nesse período, é vestuário, com teor de qualidade sobre o cenário energético no país. Há também farto destaque para a termo de líderes empresariais do setor.
Não sendo o consumo energético o principal e nem o segundo principal fator de emissões no país, seria importante deixar evidente se o jornal tem (ou não) pessoal interesse ou investimento nessa superfície, porquê teve na resguardo da democracia, que perpassa o próprio projeto editorial.
“O interesse, porquê no caso da democracia, é tutelar um muito público de preço notória e urgente”, responde o secretário de Redação Vinicius Mota.
Uma das críticas pertinentes à campanha diz reverência à dimensão do consumo energético nas emissões. “Somente 23% das emissões nacionais de gases do efeito estufa provêm do consumo de vontade. Dois terços se originam de desmatamento e agropecuária”, informava o próprio editorial da Folha no lançamento do projeto, no ano pretérito. Por que escolher o menor quarto das emissões porquê objectivo?
“A Folha há décadas faz cobertura extensiva e intensiva da lesão do desmatamento brasílico. Mantém uma editoria de Envolvente que se ocupa com prioridade desse tema e um correspondente na Amazônia, agora em Belém, bastante concentrado nessa cobertura. A transição energética não é unicamente um modo de melhorar ainda mais a matriz brasileira, mas também uma importante oportunidade de negócios e projeção para o país num mundo que necessita avidamente de fontes limpas. Vontade é a principal manadeira de emissão de dióxido de carbono no planeta, e a crise do clima é planetária”, afirma Mota.
Neste momento, há até ganchos noticiosos mais fortes do que há um ano, porquê a maior proximidade da COP30, Trump e sua campanha pró-fóssil e a maior discussão sobre exploração de petróleo na margem equatorial, que rendeu a sátira de Lula ao que seria “lenga-lenga” do Ibama.
Nos textos sobre o slogan, o jornal lembra que o Manual da Redação prevê a realização de campanhas “em situação privativo, quando dirige seus esforços para promover determinada desculpa que julgue ser do interesse público”. “O Manual da Redação preconiza que o jornal, mesmo quando entra em uma campanha, mantenha seu programa crítico e pluralista”, diz Mota.
Ainda que resguardada pelo Manual e por sua receita de estabilidade, a Folha acaba por se comprometer com um lado. O vestuário de o lado ter um bom nome (“vontade limpa”) ajuda um pouco, mas a adoção de uma campanha vai além do reconhecimento do imperativo da transição energética. O jornal acaba por encampar, por tábua, a resguardo de um setor produtivo que também é habitado por seus próprios jabutis e eminências pardas.
Sobre as medidas tomadas pelo próprio jornal para mitigar suas emissões, a Folha declara que “só usa vontade renovável em sua sede [‘Grupo Enel atesta uso de energia renovável pela Folha’] e só compra papel-imprensa de fornecedores que garantem usar unicamente madeira de reflorestamento. A gráfica em que o jornal é impresso também adota políticas de sustentabilidade“.
*
A apuração da Folha sobre falas de Mauro Cid omitidas na denúncia da Procuradoria-Universal da República é um daqueles casos que fazem o jornal virar vidraça e, paradoxalmente, se sobresair na cobertura.
Algumas das muitas críticas ao jornal afirmam que a função da PGR é acusar, não tutelar. É um ponto. Da mesma forma, o jornal faz muito ao mostrar a construção do documento e as peças que ficaram de fora dele, trechos da delação convenientemente desconsiderados. Nenhuma mando deveria ser vista porquê sacrossanta, e o questionamento é uma requisito fundamental da democracia —se ainda existe (e ainda muito que sim), é esperado que o jornal faça bom uso dela.
Em outro título, a Folha foi menos feliz. “Ameaço de Moraes a Cid abre brecha para impugnar delação que implicou Bolsonaro”, afirma o jornal, que no entanto ouve dois especialistas que unicamente contradizem a formulação. Embora estabeleça um paralelo entre a conduta de Moraes e os fatores que têm levado Dias Toffoli a anular processos e decisões da Lava Jato, faltou encontrar quem endossasse a tese além do jurisperito de Jair Bolsonaro e de seus correligionários.
A ver os próximos capítulos.