Esporte
Equipe de nerds brasileiros rouba a cena no UFC
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No final de 2021, o lutador Caio Cinzeiro firmou contrato com o UFC e apresentou ao público a ateneu paulista Fighting Nerds, cuja maior proposta era a estudo e o estudo minuciosos de cada inimigo. Assim, o nome escolhido se mostrou ideal.
A trajetória de Caio foi gradual, porém consistente, mantendo-o invicto no evento e lhe garantindo a sexta posição no ranking dos pesos-médios. Todavia, foi durante a temporada de 2023 que o grupo se consolidou no principal evento de artes marciais do mundo, com a contratação de três novos talentos: Maurício Ruffy, Carlos Prates e Jean Silva.
Até o momento, os quatro permanecem invictos no UFC e acumulam, coletivamente, dez prêmios bônus – cada um no valor de 50 milénio dólares – concedidos aos atletas com as melhores atuações em cada edição do evento. Esse é o cerne de sua subida: os Nerds combinam vitórias com performances marcantes, reforçadas por uma estratégia de marketing orgânico eficiente.
Neste sábado, Jean Silva se destacou no card do UFC em Seattle. Sem provar receio diante do experiente kickboxer Melsik Bagdasaryan, o catarinense registrou seu quarto triunfo por nocaute – desta vez no primeiro round – e conquistou mais um bônus de performance. Sua atuação encantou o público e consolidou a presença da Fighting Nerds no cenário internacional.
A tradição se manteve: ao ser anunciado vencedor, Jean, escoltado de seus treinadores, vestiu um par de óculos que remete ao estereótipo nerd – símbolo da equipe – e, em seguida, distribuiu o inferior para fãs, prelo e membros da organização do UFC. Curiosamente, a maioria dos presenteados faz questão de registrar o momento nas redes sociais, o que tem se revelado um verdadeiro case de sucesso publicitário.
Outro diferencial notável é a heterogeneidade de perfis entre os principais atletas. Jean, emotivo e bem-humorado; Carlos, natural e lhano quanto ao hábito de fumar; Caio, ex-professor de química; e Ruffy, fervoroso em sua fé e ex-adestrador de cães – essa constelação de personalidades enriquece o grupo e o torna ainda mais cativante para o público. Se o objetivo primordial do marketing é ocupar o público e estabelecer conexão com os fãs, a Fighting Nerds se mostra um prato pleno e para todos os gostos.
Não surpreende, portanto, que a equipe tenha sido agraciada com o prêmio “MMA Awards” – considerado o Oscar do MMA – uma vez que o time do ano de 2024. Esse sucesso atraiu atletas de outras academias, fazendo com que, atualmente, o grupo conte com oito lutadores no UFC: além dos quatro citados e Bruna Brasil, foram incorporados os recém-chegados Ricardo Carcacinha, Mayra Sheetara e Karine Killer.
Quem imaginaria que um esporte tão competitivo quanto o MMA proporcionaria ampla visibilidade para alunos estudiosos? Sem incerteza, vivemos uma era favorável aos nerds.