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Cacá Diegues apontou patrulhas ideológicas nos anos 1970 – 14/02/2025 – Ilustrada

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No final de agosto de 1978, numa célebre entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Cacá Diegues lançou a frase “patrulhas ideológicas” para se referir a uma orquestração sátira que atuaria para cercear determinadas vertentes e produções culturais.

O diretor sentia-se atingido àquela profundidade pelo que definiu porquê “um sistema de pressão, abstrato, um sistema de cobrança”. Seria, em suas palavras, uma tentativa de codificar toda manifestação cultural brasileira. “Tudo o que escapa a essa codificação será necessariamente patrulhado.”

A reação do cineasta vinha na esteira de alguns ataques ao filme “Xica da Silva”, sucesso de público, denunciado de racismo e de ser concessivo com convenções comerciais. Seu cândido eram setores da esquerda que, de um lado, se mostravam incomodados com o suposto distanciamento de artistas da taxa nacional-popular ou que, de outro, cobravam uma atuação mais radical no projecto das linguagens e da relação com o mercado.

Naquele período, com a relativa descompressão política e a crise que começava a sacudir o regime militar, o pacto tácito de uma frente ampla anti-ditadura ia se quebrando e as divergências tornavam-se menos silenciosas no campo progressista.

Reanimavam-se, dez anos depois, os embates que haviam sido travados por ocasião do tropicalismo, vaiado pela esquerda universitária por sua perspectiva internacionalista e oportunidade à cultura de massas.

Também entrava em cena uma multifacetada geração estudantil que trazia discussões acirradas –notadamente entre os partidários dos cânones tradicionais do Partido Comunista e os defensores de posições mais heterodoxas, desejantes e experimentais em cultura e comportamento.

Cacá foi um intelectual progressista e um intelectual específico do cinema brasiliano. Democrático e humanista, comprometido –porquê sua geração– com ideais de um Brasil emancipado, criativo e inclusivo, militou nos Centros Populares de Cultura (CPC) no início da dez de 1960, participou da formulação do cinema novo e a seguir das estratégias de ampliação de público que se colocaram mais explicitamente na dez de 1970.

Nos embates de sua rica trajetória, apanhou um pouco de todas as patrulhas, foi reconhecido internacionalmente e nos deixou um legado que ficará simbolizado por seu imprescindível “Bye Bye Brasil”.



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