Por alguma razão, as caixas de comentários saíram da puberdade. Amadureceram. O fenômeno alvissareiro não é unânime: varia de harmonia com o tema e o responsável do texto. Mas o veste é que costumo gozar dos comentários feitos cá nas minhas colunas.
Os irônicos são os meus preferidos. Também aprecio aqueles que trazem informações para aprofundar o tema ou para discordar. Há quem venha simplesmente retirar uma boa prosa. Os caminhos e estilos são diversos, mas ninguém não será porquê Marcos Benassi.
Eis um exemplo: “Eita, sô, a longa rabo da mentirada, caudalosa, que escaldados evitam, mal que desavisados escalda —e caudatários encanta. Rijeza, caríssimo São Terreno, é que, mentalmente de rabo recluso, os crentes, ao espremê-la, sorvem encantados seu caldo, fascinados com a fruta falsa e sumarenta. Aliás, atualizemos a mitologia da patranha: ao invés de Hermes, tradicional patrono heleno, Pinóquio; moderno, não lhe cresce mais a napa, senão a rabo; de lagartixa-Fênix, renasce se cortada. Eficacícimo!”.
Não é unicamente o estilo saboroso ou as citações inusitadas que Benassi saca da cartola. Sua originalidade também está na visão de mundo ora cética ora desiludida.
“Renatíssimo, já comecei a rir no ‘protagonismo disruptivo’, que disrrupitou a dupla Tôrrico e Tôloko cá detrás do meu figo”, escreveu ano pretérito. Benassi me labareda também de “São Terreno, Altíssimo e Rotundo “, de “Esculhambador do bom e do mau-senso” e de “Sacrossanto”. Assim: “Pô, Sacrossanto, o Nikolas devia ser recluso pela Anvisa! Cuméquié esse negócio de feique boca-a-boca? Depois da pandemia? O rosto quer que justamente seus com-patriotas fiquem beijando a torto e à direita para poder espalhar feiqueníus?”.
Passei a responder alguns de seus comentários tratando-o porquê “Beato Benassi”. E notei que alguns comentaristas também se deleitavam com o estilo benássico.
No incidente “Enxugando gelo” da Rádio Novelo, a jornalista Carol Pires jogou luzes generosas sobre o varão. Conversou com Marcos Benassi e mostrou que sua prosa falada é tão encantadora quanto seus comentários. Mas o podcast lançou uma explosivo que me desestabilizou. Marcos Benassi pretende reformar seus comentários. De veste, nas últimas colunas não tenho desfrutado de seu boquejar.
Fica cá o apelo: se as caixas de comentários ficaram pequenas para seu talento, busque espaços maiores. Mas não deixe seus leitores a ver navios.
