Teorias do termo do mundo ressurgem depois eleição do novo papa americano

A nomeação de Robert Francis Prevost uma vez que novo papa da Igreja Católica, agora Leão XIV, acendeu debates acalorados nas redes sociais e trouxe à tona antigas teorias conspiratórias que relacionam líderes religiosos à chegada do termo dos tempos.

Usuários passaram a vincular a figura do novo pontífice ao capítulo 13 do livro do Apocalipse, que descreve duas bestas simbólicas — uma saída do mar, outra da terreno — vistas uma vez que sinais de um colapso apocalíptico. As conjecturas se apoiam no vestimenta de Prevost ser americano, vindo de uma região frequentemente associada ao poder global, e no nome adotado, “Leão”, que remete à simbologia descrita no texto bíblico.

“Profecia de Apocalipse 13 se cumprindo”, escreveu um internauta ao notar a coincidência entre o nome do papa e o número romano XIV — que sucede o capítulo mencionado na Bíblia — em postagens que viralizaram nas últimas horas.

++ Anel negro no céu do Kansas intriga moradores e levanta teorias sobre fenômeno incomum

Para o pastor e pesquisador Kenner Terreno, professor e doutor em ciências da religião, essas interpretações são resultado de leituras descontextualizadas e perigosamente simplificadas das Escrituras. “Essas conexões conspiratórias funcionam assim: pegam um nome, um número, uma figura de domínio e amarram tudo numa narrativa que parece óbvia, mas é sem sentido. São ideias perigosas, alienadoras”, afirmou.

Segundo ele, o capítulo 13 do Apocalipse utiliza linguagem simbólica para criticar o domínio do Poderio Romano, mormente o imperador Nero, sem referir nomes diretamente. Imagens uma vez que a das bestas e o infame número 666 são secção de um código político e teológico, compreensível para os cristãos do século 1, mas frequentemente distorcido ao longo da história.

A zero 666, por exemplo, tem origem na numerologia hebraica, que associa letras a números. João, responsável do Apocalipse, teria usado essa instrumento para indicar veladamente para Nero. O número passou a ser reinterpretado em diversos momentos históricos, inclusive uma vez que um ataque ao papado durante a Reforma Protestante.

++ Por que elevadores têm espelhos? A explicação envolve mais do que aparência

Kenner destaca que não é incomum que papas sejam apontados uma vez que anticristos em momentos de crise ou tensão ideológica. Para ele, o atual cenário reflete mais os efeitos das redes sociais e das bolhas digitais do que qualquer fundamento teológico. “É fundamental entender o contexto histórico e literário dos textos bíblicos antes de usá-los para combater figuras públicas”, alertou.