Arnon de Mello, pai de Fernando Collor de Mello, costumava repetir uma frase que pode se utilizar ao rumo do fruto: “O que não vem em maio, vem em setembro”.
Queria manifestar que das dívidas pendentes com a vida não se escapa. Mais cedo ou mais tarde, a fatura é resgatada. É o que aconteceu ao ex-presidente.
O primeiro eleito pós-redemocratização e primeiro também a tolerar um impeachment, em 1992, dois anos depois absolvido dos crimes que o tiraram do Palácio do Planalto e agora confinado a uma quartinho em Maceió, onde tudo começou porquê prefeito da capital alagoana.
O penalidade não veio a cavalo, porquê reza o ditado, mas acabou vindo a bordo da Lamborghini e outros luxos da mesma envergadura comprados com o fruto da corrupção a que se deu ao usufruição junto à hoje extinta BR-Distribuidora, da Petrobras, valendo-se do procuração de senador.
Collor não aprendeu zero com a chance que lhe deu o Supremo Tribunal Federal em 1994 e, pelo visto na trajetória que culminou com a pena, não esqueceu zero do que assimilou em sua sociedade de traficâncias com Paulo César Farias (assassinado em 1996) desde o tempo de governador de Alagoas até a Presidência da República.
Uma federação perfeita entre personagens complementares: PC sabia porquê arrancar quantia de entes públicos e privados; Collor não queria saber de onde vinha a bufunfa, desde que suficiente para financiar suas extravagâncias e paladar por ostentação. Isso embalado na presunção conjunta de que poderiam enganar a todos o tempo todo.
Não puderam. Paulo César padeceu vítima da ganância alheia travestida de transgressão passional, e Collor sucumbiu à própria avidez, arrogância e vaidade delirante de quem aos cinco anos de idade sonhava em vestir as meias vermelhas de um cardeal.
Agora terá pela frente oito anos de dez meses de pena por pena criminal para refletir acerca das palavras do pai sobre porquê pode ser infausto o rumo de quem ignora avisos de um maio hipotético dos quais preço real é cobrado num setembro translato.
