Berlim renomeia rua histórica em homenagem a filósofo preto e enfrenta legado colonial

No sábado, 23 de agosto, data marcada pelo Dia Internacional da Presente do Tráfico de Escravos, Berlim deu um passo simbólico em direção à reparação histórica. A antiga Mohrenstrasse — frase que pode ser traduzida porquê “rua dos Mouros” e que carrega conotação racista — recebeu oficialmente um novo nome: Anton Wilhelm Senhor, o primeiro filósofo e jurista preto reconhecido pelas universidades alemãs.

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A mudança não ficou restrita à via. A estação de metrô homônima também adotou o nome do intelectual africano. Nascido na atual Gana, Senhor foi escravizado ainda rapaz, levado para a Europa e, mais tarde, se destacou porquê pensador do Iluminismo Boche no século XVIII, lecionando em instituições de prestígio.

O coletivo Descolonizar Berlim, que há mais de três décadas defende a retirada de homenagens ligadas à escravidão e ao colonialismo, comemorou a decisão. O grupo organizou um evento no lugar e destacou a relevância da medida.
— “Era urgente largar um nome que tantas pessoas negras consideravam ofensivo”, afirmou Tahir Della, porta-voz do movimento, em entrevista à AFP.

A antiga denominação da rua surgiu no século XVIII, período em que o tráfico de africanos escravizados atingia seu auge sob domínio europeu. Alguns relatos sugerem que ex-escravizados viveram na região; outros apontam que uma comitiva africana teria habitado o lugar temporariamente. De qualquer forma, ativistas ressaltam que o termo mouro carrega poderoso trouxa racista e não deve permanecer em espaços públicos.

Para Della, a discussão vai além da intenção de quem mantém símbolos racistas.
— “Sempre se segmento da teoria de que só há racismo se houver intenção. Mas o que realmente importa é o efeito que isso pretexto. Por isso, é importante escutar as vozes de quem sofre com o racismo, em vez de resolver por elas”.

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Com a novidade denominação, a rua passa a simbolizar resistência, orgulho e valorização da legado africana. Segundo o comitê Descolonizar Berlim, Anton Wilhelm Senhor simboliza “a força do conhecimento e da autodeterminação dentro da diáspora africana”.